sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O profissional que nasceu na agência

por Giullia Colmanetti e Franciele Ferreira



Para conhecermos melhor um profissional da área de comunicação, o professor Guilherme Espíndola, conta um pouco de sua trajetória, e fala o que pensasobre as mudanças que a comunicação vem passando e como podemodificar a forma de produzir informação. Vale a pena conhecê-lo eparar para refletir sobre o assunto abordado!

Sou formado em comunicação social, com habilitação em PP pela UFES - Universidade Federal do Espírito Santo. Sou mestre em comunicação e semiótica pela PUC-SP, e minha tese busca analisar a transformação da linguagem do cinema para o digital, e as influencias que esta teve sobre o espectador. Desenvolvo uma pesquisa sobre a convergência das artes visuais, televisão e cinema para a linguagem digital. Meu foco não está muito na PP, mas sim nos meios de comunicação.


Hoje, trabalho em pesquisas ligadas a arte e tecnologia, fora meu emprego na área de TI de uma empresa de medicina.
Eu trabalho em publicidade desde a época da faculdade, onde ensaiei meus primeiros passos no ainda novo mundo da computação gráfica, aprendendo os primeiros programas de diagramação e tratamento de imagem. Mas minha estória começa de muito antes. Meu pai tinha uma agência, e eu, desde muito novo, a frequentava. Nesta época ainda não haviam computadores nas agências, e tudo era feito manualmente. A agência tinha mais de 50 funcionários, cada qual encarregado de uma etapa do anúncio. Tinha o ilustrador, tinha o cara que só fazia letraset (decalcar letras em layouts), tinha diagramador, e muitas outras profissões que, hoje, já não constam no quadro de funcionários de uma agência de propaganda.
Na década de 80, quando o computador passa a faze parte desta realidade, muitos desses profissionais deixaram seus postos de trabalho e foram substituídos pela máquina. Esse foi o primeiro grande impacto da informatização da agência. Ainda nesta época, os anúncios eram realizados com previsões de semanas para serem produzidos. Para que se tivesse um anúncio, era necessário um tempo que, na publicidade atual, já não existe. Hoje, os anúncios são pra ontem. 

Dentro deste aspecto, a publicidade mudou muito diante da informatização de seus processos e procedimentos. As mudanças são contínuas e, ainda hoje, muitas transformações ocorrem. Na área gráfica, por exemplo, essas mudanças afetam a qualidade da impressão, a velocidade e a forma de produção. Fotolitos já são materiais pouco usuais, enquanto arquivos são enviados diretamente para impressão. Na fotografia, as máquinas digitais mudaram completamente toda a área, alcançando qualidades muito boas e dispensando o filme. Máquinas como a Polaroid (para fotos instantâneas) e as máquinas de filme estão praticamente extintas. Os filmes P&B, e toda a técnica de revelação também não são mais utilizados.

Diante destas modificações, é claro que perdemos coisas importantes. Culturas deixam de existir, linguagens são modificadas, procedimentos ganham uma velocidade até então nunca experimentadas. Acredito que, muitas destas modificações, ainda nos farão falta (como os procedimentos para revelação de filmes em Preto & Branco, por exemplo), e muita novidade ainda está por vir.
Toda nossa tecnologia atual já está obsoleta. Fica clara uma tendência para plataformas mais portáteis, como os móbiles e os tablets. A publicidade vai sofrer, ainda muitas modificações neste sentido, se adequando a estas novas estruturas. Prova disto são os novos formatos de negócios, como Google AdWords, que estão ganhando força no mercado.
A questão da publicidade na internet esbarra numa realidade que afeta todo o sistema: os esforços são muito pulverizados, e as medições são ainda frágeis. Mas, em pouco tempo, tudo vai se resolver, formando mais uma plataforma de negócios que tende a dominar o mercado. Temos, também, que encarar as modificações oferecidas pela digitalização do rádio e da TV, ainda pouco exploradas. Estes dois veículos oferecem uma multipluralidade de negócios que vai além do que compreendemos hoje como TV e Rádio. Para que alcancemos esta nova dimensão, é necessário que modifiquemos os hábitos de consumo e os padrões de comportamento do público atual. Este processo será demorado e doloroso (na medida em que o público terá que abrir mão de suas rotinas em função destas modificações), mas o tempo é uma regalia que a publicidade não permite dispensar. 

Como dizem: tempo é dinheiro. Então tudo isto é para agora!